Carta a mi papá (ao meu pai): Aleixo Duarte Canas
Siempre fuiste una parte importante de mi vida, difícilmente te pueda olvidar. Cumpliste con honor el título de padre. De mi parte, nada tengo que reclamar, cosechaste todo lo que sembraste en la vida.
Ahora sé mejor que nunca, que la vida es muy corta. Me han quedado deseos de conversar con vos, esperaba tener tu compañía unos años más. Hoy te amo más que nunca y te extraño; mientras, como ya no te tengo, reconozco el valor de haberte tenido.
No fuiste un hombre de grandes éxitos económicos, y no me importa. Muchas veces el dinero ocupa demasiado lugar y asfixia. Solo te preocupó construir una senda de generosidad y entrega total, un camino que te llevó bien directo a tus hijos, nietos, parientes y amigos. Todos estamos orgullosos de vos.
Tuve la oportunidad de despedirme de ti, solamente estábamos vos y yo. Fue muy difícil, simplemente me despedí, y te agradecí lo que tenia que agradecerte. Entre nosotros no han quedado cuentas pendientes, solo recuerdos y vivencias.
Hablando de vivencias: ¿Recuerdas, papá?
Era primavera, ya pasaron casi 50 años. Junto con mamá planearon dar un paso difícil y más trascendente de lo que ustedes pensaban. Imaginaban un futuro distinto para ustedes y para nosotros. Había dos posibilidades: Argentina o Angola; se decidieron por Argentina.
¿Recuerdas papá? Tenías treinta y pico de años. Tu juventud era más fuerte que las piedras o la nieve de la Serra da Estrela. Como el proverbio chino, ya habías plantado árboles, ya tenías 4 hijos, te faltaba escribir el libro y comenzaste a escribir uno con letras de oro, el de tu vida. Imaginario es cierto, pero que me marcó para siempre.
Me imagino tu dolor en las despedidas, pero tus sueños tenían la enorme expectativa de la nueva vida. Con el pasar del tiempo, las emociones y tu corazón de inmigrante siempre te remontaron a tu Portugal. Todo momento y lugar era bueno para recordar la tierra que dejaste distante, pero que nunca abandono tu mente.
De tanto escuchar tus historias, y los personajes que las componían, también pasaron a ser mías. No hubo una semana que no viajáramos a Unhais da Serra y habláramos de sus gentes. Siempre pensaste en el regreso, pero sabias que no sería posible. La vida te puso un ancla que te retenía en Argentina: tus hijos, tus nietos y tus afectos.
Ahora, tendré un nuevo motivo para regresar a Portugal. El primero, el siempre: el profundo amor que siento por mi tierra. Y este, la certeza que tengo de encontrarte en los Barreiros, ó paseando por el camino de las termas. Y a la tardecita sentado frente a la iglesia matriz, recuperando los años perdidos y esperando que pasen tus amigos.
Con el amor de siempre, tu hijo Antonio.
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Querido pai:
Sempre foste uma parte importante na minha vida, dificilmente te possa esquecer. Cumpriste com honra o título de pai. Da minha parte, nada há que reclamar, colheste tudo o que soubeste semear na vida.
Agora sei mais que nunca, que a vida é muito curta. Ficaram-me saudades de conversar contigo, esperava que me acompanhasses uns anos mais. Hoje te amo mais que nunca e te estranho; no entanto, como já não te tenho, reconheço o valor de te haver tido.
Não foste um homem de grandes sucessos económicos, e não me importa. Muitas vezes o dinheiro ocupa demasiado lugar e asfixia. Só te interessou construir uma senda de generosidade e entrega total, um caminho que te levou bem directo a teus filhos, netos, parentes e amigos. Todos estamos orgulhosos de ti.
Tive oportunidade de despedir-me, estávamos somente os dois. Foi difícil, simplesmente me despedi, agradeci-te o que tinha que te agradecer. Entre nós não ficaram contas pendentes, só recordações e vivências.
Falando de vivências: Lembras-te pai?
Era primavera, já passaram quase 50 anos. Junto com a mãe projectavam dar um passo difícil e mais transcendente do que vocês pensavam. Imaginavam um futuro diferente para vocês e para nós. Havia duas possibilidades: Argentina o Angola; decidiram-se por Argentina.
Lembras-te pai? Tinhas trinta e tal anos, a juventude ainda era mais forte do que as pedras e a neve da Serra da Estrela. Como o provérbio chinês: já havias plantado árvores, já tinhas 4 filhos, faltava-te escrever um livro e começaste a escrever um com letras de ouro, o livro da tua vida. Imaginário, é verdade, mas que me marcou para sempre.
Imagino-me a tua dor nas despedidas, mas os teus sonhos tinham a enorme expectativa de uma nova vida.
Com o passar do tempo, as emoções e o teu coração de emigrante, sempre te remontaram a teu Portugal. Todo momento e lugar eram bons para recordar a terra que deixaste distante, mas que nunca abandonou a tua mente. De tanto ouvir as tuas histórias, e recordar as personagens que as compunham, também passaram a ser minhas. Não se passava uma semana que não viajássemos a Unhais da Serra e falássemos da sua gente.
Sempre pensaste no regresso, mas sábias que não era possível. A vida te pôs âncoras que te retinham na Argentina: teus filhos, teus netos e os teus afectos.
Agora, terei mais um motivo para regressar a Portugal. O primeiro, o de sempre: este profundo amor que sinto por a minha terra. E agora, é a certeza que tenho de te encontrar, nos Barreiros, passeando na estrada do banho, e à tardinha sentado frente à igreja, recuperando os anos perdidos e esperando que passem os teus amigos.
Com o amor de sempre, teu filho António.
Monte Grande (Argentina), 20/09/2006
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